Discutir jornalismo regional

         
          Quando comecei a pensar nesse livro e a convidar amigos de profissão para refletir sobre as tendências da imprensa regional nesse cenário de mudanças de paradigmas na imprensa, representado pelo avanço da Internet, ainda não tinha uma noção formada sobre o quanto este assunto é requisitado e o quanto os profissionais convidados para a obra estavam dispostos a escrever sobre isso.

          Com base nos textos do livro, percebo que pensar o jornalismo que estamos produzindo é urgência urgentíssima. Nas redações, dificilmente conseguimos parar para raciocinar sobre o que está indo para a telinha ou para as páginas do jornal. A correria do dia a dia, aliada às pressões enfrentadas e às condições estruturais, que não oferecem ao jornalista equipamentos, tempo e apoio de material humano suficientemente, é preciso, apenas, fazer. Garantir que o jornal será fechado, não importa como. Conversar muito é ocupar um tempo e espaço que poderiam ser usados para apurar um “furo”. Discutir as práticas é não ser eficiente. E lugar de jornalista não eficiente é na rua.

          Mas não deveria ser justamente o contrário? A rua não teria de ser o lugar de jornalista eficiente? Sim, porque, dentro da redação, a visão sobre o fato é limitada. Não se vê o olhar da fonte, seus gestos. O contato por telefone, e-mail ou MSN é restrito. Da rua, quem sai para uma pauta pode voltar com outras duas ou três.

          Um pouco de todas essas questões está nas páginas desse livro, “Jornalismo Regional: estratégias de sobrevivência em meio às transformações da imprensa”, que organizei em parceria com os amigos Carlos Nascimento, Paula Melani, Gabriela Zauith, Paulo Carlim, Daniela Teixeira, Rubens Zaidan, João Carlos Borda, Mara Rubia Vieira, Carla Cristina Coltro, Jônatas Filipe Mesquita, Carla Costa Garcia, Guilherme Vallera Tavares, Eduardo Vicente Soares, Elivanete Zuppolini Barbi e o professor português Jorge Pedro Sousa.

          E já que muitos jornalistas querem discutir a profissão, espero que esta primeira obra, que mistura visões do mercado profissional e dos bancos acadêmicos, contribua para que outros pontos de vista apareçam. E possamos encontrar novos caminhos, alternativos para o fazer jornalístico viciado a que estamos presenciando.

          Para quem se interessar pelo livro, ele está à venda nas livrarias Saraiva ou pelo site da editora Paco Editorial.

          Segue o link: http://loja.livrariadapaco.com.br/jornalismo-212.html

          E para os quiserem ouvir e falar sobre imprensa regional, no próximo dia 25 de maio, no Salão de Ideias (Edifício Palace) da Feira do Livro de Ribeirão Preto, quatro dos autores do livro (Rubens Zaidan, João Carlos Borda, Paulo Carlim e Eduardo Vicente Soares) estarão juntos comigo para uma troca de ideias. O bate-papo começa às 10h30. Esperamos vocês lá!

Igor Savenhago
Jornalista e professor universitário
Ribeirão Preto/SP