terça-feira, 6 de março de 2012

A cidade pequena ainda reconhece

          A imprensa, a mídia em geral e toda forma de comunicação, seja ela audiovisual, radiofônica, impressa ou virtual, dependem de fatos e acontecimentos para existir. E, claro, em qualquer parte do mundo. Nas grandes metrópoles e nos pequenos municípios, os fatos acontecem e as informações correm. Hoje em dia, o que se vê são telejornais de grandes centros que noticiam assuntos variados e atropelam os fatos, desde chamadinhas até notas de rodapé. Num mundo onde um turbilhão de notícias bombardeia as pessoas, um tipo jornalismo sobrevive – e este, alheio aos fatos das capitais e do mundo, passa então a registrar o que acontece de mais próximo ao povo, digo, longe das primeiras páginas do Estadão ou A Folha.

          O jornalismo regional ainda vive. Em pequenas cidades do interior, periódicos mensais (ou até mesmo semanais) correm de porta em porta a levar as últimas notícias do pequenino município. A primeira página do jornal, em magnânima escrita que facilita a leitura, traz o que há de mais importante no vilarejo, no bairro, no distrito, no centro da cidade. A reforma de um teatro, por exemplo, os recursos que a prefeitura conseguiu arrecadar, os talentos desconhecidos, as estatísticas de crescimento, ações, festas, boletins policiais, notas da saúde pública, esclarecimentos, fotos de pessoas conhecidas, aniversariantes, falecimentos... Enfim, tudo o que uma cidade pequena ainda reconhece.

          Quando, num periódico em São Paulo, que alguém da zona norte reconheceria alguém da zona sul? A não ser em caso de celebridade. Isto no jornalismo regional acontece. Numa cidade do porte de Pontal, por exemplo, a dona Maria folheia o boletim e reconhece que o bairro do filho João teve as ruas recuperadas; o Seu Antônio vê a foto da netinha Ana na página de aniversariantes, que, por conseguinte, mostra ao amigo Zé: “Minha neta saiu no jornal”. E o amigo lança: “Eu já tinha visto”.

         Quando que isso aconteceria numa metrópole? Se acontecer, não sei, talvez – numa rara exceção. Mas em cidades pequenas do interior, onde os grandes centros parecem esquecer por se preocupar deveras com os próprios fatos, o jornalismo regional prevalece – e sobrevive – com força. A magia da informação ronda essa gente simplória. E é gostoso ver que a sua cidade ainda possui um periódico. Notícias de São Paulo? Isso eu vejo na TV. Eu quero é saber notícias do meu bairro, da minha rua, da prefeitura, do meu povo. Mas daí, é só então eu me acomodar no sofá e ler o jornal da minha cidade.

Fernando Belezine
Estudante de Jornalismo
Ribeirão Preto/SP

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