Kent Brockman
Fonte: Banco de Imagens
Reproduzo abaixo uma entrevista feita por meu amigo Javier Gonzalez com o repórter do Canal 6 de Springfield, Kent Brockman. O também âncora de telejornal local revela quais são os motivos que o atrapalham a fazer um jornalismo de qualidade, como a pressão de seus superiores, o gosto de trabalhar para a televisão e o motivo de estar em nossa região.
Entrevista com Kent Brockman, repórter do Canal 6, de Springfield.
Javier Gonzalez: Kent, primeiramente, obrigado por conceder entrevista, ahn... Eu queria saber o que te motivou a vir a passar as férias no Brasil, ainda mais no interior do Estado de São Paulo?
Kent Brockman: Bom, eu não estou de férias, estou fazendo uma reportagem, para o Canal 6, com o intuito de mostrar que a nova classe média brasileira está indo no mesmo caminho que a classe média norte-americana, criada pós Segunda Guerra Mundial, a do American way of life. E o motivo de ter desembarcado no interior foi para mostrar uma realidade parecida com a nossa, de uma localidade interiorana.
JG: Que caminho é esse?
KB: Uma classe média que já nasce falida. Tanto economicamente - lembra-se de quando o Homer Simpson pediu falência? - quanto moralmente. Basta ver os novos costumes da sociedade brasileira, são muito parecidos com as nossas... São alienados.
JG: Você não acha que essa alienação ocorre quando os meios de comunicação abordam assuntos banais? Inclusive você, em seu telejornal?
KB: Sim, acho. Mas trabalhamos com a corda no pescoço. Lá em Springfield, há um usineiro que joga lixo nuclear no lago da cidade. Os animais de lá já sofrem consequências fisiológicas. Porém, o dono do canal para quem eu trabalho é sócio de Mr. Burns (o usineiro). Temos um prefeito corrupto, o Quimby, e a situação é a mesma da anterior.
JG: Acho que conheço uma realidade como essa no lugar em que vivo... E o quê você acha dos jornalistas que se colocam como celebridade? Esse é o papel dos jornalistas?
KB: Ahn, aparecer na televisão eleva o ego do cidadão. É uma coisa que não deveria acontecer, mas existe. O profissional da notícia tem de dar voz à massa, não somente para a elite.
JG: Mas a única vez que te vi com o povo foi quando a família Simpson inaugurou uma quadra de tênis. Em outras oportunidades você não se mistura.
KB: Era uma bela quadra...
JG: O quê achou da imprensa em Ribeirão Preto?
KB: Boa, inclusive fiquei sabendo que há um canal que quer aplicar nosso modelo (norte-americano) de jornalismo por aqui.
JG: Sim, é verdade. Se você traduzir para o inglês vai dar algo parecido com boate em português... Senhor Brockman, agradeço a entrevista, e espero que faça uma grande reportagem.
KB: De nada Javier, e... Você não é cubano, né? Porque, se for, pode apagar essa gravação!
JG: Sou chileno.
KB: Então, tchau.
Leonardo Oliveira dos Santos
Estudante de Jornalismo
Ribeirão Preto/SP
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