A mídia “comemora”

          Nos últimos anos, a cidade de Ribeirão Preto está marcando presença nos telejornais, revistas, sites e rádios de âmbito nacional. Infelizmente, com noticias nada agradáveis e chocantes, como o caso mais comentado e falado atualmente, o da morte do menino Joaquim Pontes Marques, de três anos.

          Antes de qualquer coisa, no país inteiro ou na região de Ribeirão, desaparecem crianças e adultos diariamente. Por que será que exclusivamente o caso de Joaquim foi o mais comentado e divulgado pela imprensa? Por ele ser branco ou filho de um pai de classe média? Muitas perguntas já começam a ser feitas.

          Apesar de a região estar sendo sempre manchetes de notícias ruins, como já foi falado, há anos não tinha uma notícia que fosse espalhada para o Brasil inteiro. A imprensa regional chegou a “comemorar” esse fato por conseguir vendas de jornais nas bancas. O Jornal A Cidade chegou a publicar na sua página da internet a quantidade de visualizações que o site obteve depois do desaparecimento do menino, sem falar nas rádios e na TVs que tiveram seus picos de audiência.

          Não se fala mais em nada além do menino na imprensa regional. Não tem mais o que falar. A cidade não está acostumada com noticias assim, e também os jornalistas locais parecem não estar. A falta de estrutura dos veículos de comunicação faz com que faltem jornalistas para cobrir fatos além do caso Joaquim. Fatos que ocorrem na cidade e na região, como roubos e outras mortes, não podem ser totalmente averiguados porque o jornalista responsável esta ocupado na delegacia atrás de novas informações do menino. Os próprios repórteres estão exaustos e cansados de falar do caso. Imaginem só o público, que não aguenta mais ligar a TV e ver a noticia de que o padrasto de Joaquim está sendo incriminado.

          Como eu disse anteriormente, várias pessoas, crianças e idosos são desaparecidos e mortos diariamente. Não consigo entender e creio que muitos também não entendem porque um caso é selecionado para ter repercussão e outro não.

Daniel Zanetti

Estudante de Jornalismo

Ribeirão Preto/SP