quinta-feira, 28 de abril de 2011

A fome e o gancho

          Dia 20 de abril. Jornal A Cidade. Com a voz, Júlio Chiavenato:

          "Tsunamis, futebol e matadores em série ganham as primeiras páginas e horas na televisão. A escassez e o aumento de preços dos alimentos recebem uma notinha de pé de página, culpando a inflação. Desastres climáticos, gols perdidos e o trauma das mortes estúpidas têm 'cura'. O aumento de preços dos alimentos é incurável.

          Então, faturam em cima. Assim expandiu-se a soja no Brasil, levando devastação a enormes áreas e destruindo irreversivelmente nichos ecológicos. Mas dando riqueza e poder a poucos.

          A 'culpa' pela escassez dos alimentos, além das agruras do clima etc., é dos chineses, que ao enriquecerem passaram a importar e comer carne. Para produzir carne de frango e boi é preciso grãos. E petróleo, sempre caro por estar no meio das guerras em que todas as potências metem o bico.

          Uma das partes da solução seria o etanol, de cana no Brasil e de milho nos Estados Unidos.

          No Brasil consegue-se a façanha de o etanol, subsidiado pelo governo, ter preço final que o torna desvantajoso frente à gasolina importada. Nos EUA quase idem, além do subsídio ser relativamente maior.
Pode se acrescentar que a soja vira ração animal e, como a cana, avança em terras que poderiam produzir alimentos para os humanos.

          Os mercados reguladores só 'regulam' o lucro dos intermediários; alimentos apodrecem por falta de transportes e em Chicago negociam-se safras que serão plantadas, se forem, nos próximos 5, 10 anos.

          Em vinte anos faltará comida até para os ricos. A imprensa só descobrirá o 'gancho' quando em certos países exportadores ficar exposta uma fome similar a da África."

Mateus Furtado
Estudante de Jornalismo
Ribeirão Preto/SP

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