Parte do texto da jornalista Mara Rubia Vieira, professora e consultora, ex-diretora de Jornalismo da EPTV, que foi publicado no livro "Jornalismo Regional: Estratégias de sobrevivência em meio às transformações da imprensa", organizado pelo jornalista e professor universitário Igor Savenhago.
A exemplo do que acontece na política e na economia, quando os telejornais são analisados, fala-se, apenas, daqueles em nível nacional. Parece-me que as pessoas se esquecem que, antes de se ter um país, estado, municípios, distritos, há bairros e ruas.
E como estão os telejornais regionais?
Infelizmente, estão como a maioria dos telejornais, jornais e sites. Burocráticos, pautados por assessorias de imprensa, sem grandes reportagens nascidas da curiosidade própria do jornalista e de demanda da população.
Perderam a sua essência de falar por e para o bairro, a cidade, a região onde está. Os telejornais regionais querem discutir temas nacionais e, em alguns casos, até mesmo internacionais, deixando de lado o que está mais próximo.
Lembro-me de quando comecei em televisão, em 1979. Apesar de poucas equipes e recursos, a TV abria o microfone para as reivindicações da população, que cobrava das autoridades a solução para os problemas enfrentados pela comunidade. Mais do que isso, acompanhava o caso para verificar se a autoridade havia cumprido o prometido. Em caso negativo, voltava a cobrar. Tínhamos orgulho de dizer que falávamos de, para, por e com a população das cidades atendidas, que fazíamos telejornalismo comunitário para crescermos juntos com a região.
Ao longo do tempo, os telejornais regionais foram perdendo sua identidade. Hoje, ao assistir a alguns telejornais regionais, muitas vezes, após uma matéria, me pergunto: e o que isso mudou a minha vida? O que me interessa uma receita de bolo em um telejornal, quando os programas de variedade estão aí para isso? Será que na região onde moro só tem violência? E, se é tão violenta, por que não se cobra do poder público mais policiamento preventivo? Onde está a emissora de televisão para cobrar do prefeito solução para o problema de alagamento de avenidas importantes na época de chuva? Onde está a TV, que não denuncia a falta de remédios e não cobra da autoridade competente um prazo para a solução do problema?
Por que a quase totalidade das respostas das autoridades é lida pelo(a) apresentador(a)? Será que o jornalista de televisão está com medo? Mas medo do quê? De ser jornalista?
É interessante observar que o conteúdo caiu enquanto a tecnologia facilitou o trabalho de apuração e divulgação de notícias. Parece que o conteúdo corre na direção inversa das facilidades tecnológicas disponíveis.
A exemplo do que acontece na política e na economia, quando os telejornais são analisados, fala-se, apenas, daqueles em nível nacional. Parece-me que as pessoas se esquecem que, antes de se ter um país, estado, municípios, distritos, há bairros e ruas.
E como estão os telejornais regionais?
Infelizmente, estão como a maioria dos telejornais, jornais e sites. Burocráticos, pautados por assessorias de imprensa, sem grandes reportagens nascidas da curiosidade própria do jornalista e de demanda da população.
Perderam a sua essência de falar por e para o bairro, a cidade, a região onde está. Os telejornais regionais querem discutir temas nacionais e, em alguns casos, até mesmo internacionais, deixando de lado o que está mais próximo.
Lembro-me de quando comecei em televisão, em 1979. Apesar de poucas equipes e recursos, a TV abria o microfone para as reivindicações da população, que cobrava das autoridades a solução para os problemas enfrentados pela comunidade. Mais do que isso, acompanhava o caso para verificar se a autoridade havia cumprido o prometido. Em caso negativo, voltava a cobrar. Tínhamos orgulho de dizer que falávamos de, para, por e com a população das cidades atendidas, que fazíamos telejornalismo comunitário para crescermos juntos com a região.
Ao longo do tempo, os telejornais regionais foram perdendo sua identidade. Hoje, ao assistir a alguns telejornais regionais, muitas vezes, após uma matéria, me pergunto: e o que isso mudou a minha vida? O que me interessa uma receita de bolo em um telejornal, quando os programas de variedade estão aí para isso? Será que na região onde moro só tem violência? E, se é tão violenta, por que não se cobra do poder público mais policiamento preventivo? Onde está a emissora de televisão para cobrar do prefeito solução para o problema de alagamento de avenidas importantes na época de chuva? Onde está a TV, que não denuncia a falta de remédios e não cobra da autoridade competente um prazo para a solução do problema?
Por que a quase totalidade das respostas das autoridades é lida pelo(a) apresentador(a)? Será que o jornalista de televisão está com medo? Mas medo do quê? De ser jornalista?
É interessante observar que o conteúdo caiu enquanto a tecnologia facilitou o trabalho de apuração e divulgação de notícias. Parece que o conteúdo corre na direção inversa das facilidades tecnológicas disponíveis.
Mara Rubia Vieira
Professora, consultora, ex-diretora da EPTV
Campinas/SP
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