quarta-feira, 12 de setembro de 2012

“É isso mesmo, fulano?”

          Dá um nervoso danado quando os âncoras dos jornais da região dão alguma informação e perguntam para o repórter que está no link: “É isso mesmo, fulano?”. E o repórter: “É isso mesmo. Sobre isso, eu converso com o bertrano, que está aqui do meu lado...”

          Essa encenação, para dar a impressão de que o repórter não sabia a pergunta que seria feita ou que o apresentador ignora a informação que será dada no link, está deixando os telejornais muito amarrados, sem criatividade, com muita formalidade. Ou realmente alguém acredita que não houve uma conversa antes com toda a equipe de editores e produtores?

          Em televisão, é tudo muito ensaiadinho, por causa do tempo aberto pela rede para que o jornal fique no ar. Então, é claro que apresentador e repórter já sabem, de cor e salteado, os assuntos que serão tratados. Não precisa ficar de lero-lero no ar. A dica é priorizar a informação: “O repórter tal tem mais detalhes”. E pronto.

          Eu ficaria surpreso se o repórter, ao ser perguntado, dissesse: “Não, senhor âncora, não é nada disso. Está completamente enganado”. No atual momento do jornalismo, notícia de televisão precisa de mais autenticidade. E menos ensaio.

Igor Savenhago
Jornalista e professor universitário
Ribeirão Preto e Pontal/SP

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