sábado, 28 de julho de 2012

TV regional: uma viagem ao hoje

          Trecho de mais um capítulo do livro “Jornalismo Regional: estratégias de sobrevivência em meio às transformações da imprensa". Dessa vez, parte da reflexão de João Carlos Borda, repórter da EPTV-Ribeirão, afiliada Globo em Ribeirão Preto/SP.

          O telejornalismo brasileiro tenta se reinventar na aparência como um senhor de meia-idade que, inusitadamente, adota imagem de garotão. Da noite para o dia, cenários mais cleans, mais intimidade com o telespectador, apresentadores e repórteres teatralizando a descontração impositiva de uma nova linha editorial. Não demora e a ordem para descontrair vira clichê, cai na armadilha da mesmice e começa a competição nacional na telinha para ver quem solta mais as mãos, anda mais nas passagens (quando o repórter aparece em quadro) e faz caretas no ar. É como se a simpatia agregasse mais peso e credibilidade à notícia.

          Quando vamos ao médico, ficamos mais satisfeitos quando ele nos dá um diagnóstico cruel, erguendo levemente o cantinho da boca para logo disparar um sorriso? Claro que não. Notícia não exige expressão de intimidade, ainda mais produzida. A reboque de uma sociedade veloz, o jornalista precisa ser ágil e natural no exercício de suas atribuições. Em suma, o telejornalismo precisa se reinventar pelo conteúdo e não pela embalagem. E a engenhosidade para mudar a fórmula? Cadê?

João Carlos Borda
Jornalista, repórter da EPTV-Ribeirão
Ribeirão Preto/SP

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