sexta-feira, 27 de julho de 2012

Abrir-se para o mundo

          Reproduzimos, abaixo, parte do texto “Imprensa Regional: abrir-se para o mundo”, do jornalista Carlos Nascimento, um dos capítulos da obra “Jornalismo Regional: estratégias de sobrevivência em meio às transformações da imprensa”, organizado pelo também jornalista – e professor universitário – Igor Savenhago.

Imprensa Regional: abrir-se para o mundo

          A primeira condição para existir um jornalismo regional é que seja universal.
         

          Desde sempre, o homem quis se sentir parte do mundo e saber qual o seu papel e a importância de suas ideias perante os demais. Uma das falhas da imprensa local é deixar de considerar o que se passa fora de seus domínios e a influência que isto traz aos seus leitores, ouvintes, telespectadores e internautas.

          É verdade que a Internet dá essas respostas com certa facilidade, pois as pessoas aprenderam a reagir aos fatos e comentá-los no “pé” das notícias. Mas não se pode confundir a opinião de leitores com jornalismo. Tanto maior será o alcance de um texto ou de imagens da mídia local quanto mais as pessoas – da região e fora dela – sentirem-se incluídas nesse universo.

          Um jornal semanal de uma cidade de dez mil habitantes pode ter um formato tão inovador e moderno quanto uma revista como New Yorker, em seu lançamento. O que está em jogo não é o tamanho, mas a qualidade do produto, com o todo o cuidado de evitar ser um veículo esnobe ou pretensioso, o que fatalmente afastará os leitores. É necessário que todos entendam a mensagem que está sendo transmitida e percebam que o jornalista quer integrar as pessoas de sua cidade e região ao que se passa no restante do mundo.

          Não é o que acontece na maioria dos veículos locais e regionais no Brasil. Certamente, temos bons jornais e estações de televisão em cidades médias e grandes – e pequenas também – que não se descuidam do noticiário nacional e internacional. Mas o normal é a imprensa local ficar enclausurada nos assuntos ditos comunitários e não dar uma dimensão ampla e inteligente ao conteúdo.

          Na Internet, as iniciativas são individualistas. Tem mais gente querendo dizer o que pensa do que profissionais preocupados em usar a rede para apurar, esclarecer e adiantar fatos de interesse público. Enfim, há uma confusão generalizada, hoje, sobre jornalismo e Internet. E quem entender que não são produtos concorrentes, mas complementares, terá dado um passo para triunfar na informação.

(...)

Carlos Nascimento
Jornalista, âncora do SBT
São Paulo/SP

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