terça-feira, 25 de junho de 2013

Jornalismo esportivo não é palhaçada - Parte 2

          Durante a primeira fase da Copa das Confederações, entre uma partida e outra, a TV Bandeirantes transmitiu o programa Band Mania. Eu, ansioso para ver Japão e Itália (jogaço, que terminou 4 a 3 para os italianos), acabei vendo uma matéria, em que o repórter, em uma loja de armarinhos, faz uma grande bagunça e estardalhaço para mostrar as bugigangas, em referência ao torneio que os comerciantes estão vendendo. Ele estoura serpentinas, faz brincadeiras com entrevistados e tira sarro da famigerada caxirola.
 
          Assisti a isso perplexo. E mais indignado com o tom de naturalidade que reportagens assim vêm sendo veículadas em diversos programas esportivos (vulgo futebolísticos) de diferentes emissoras.
 
          Há um pouco mais de um ano, escrevi para este blog um texto que traz alguns argumentos contra a ridicularização e infantilidades que foram introduzidas em programas sobre o futebol. Neste tempo de protestos, que prometem mudanças, o esporte bretão não ficou de fora. E felizmente mostrando exemplos de que nada está perdido.
 
          Cronologicamente, o primeiro aconteceu em Istambul, Turquia. Torcedores, rivais, inimigos, enfim... de Besiktas, Galatasaray e Fenerbahçe, os maiores clubes daquele país, se uniram em protestos contra o governo do primeiro-ministro, Erdogan, que durante as manifestações reprime com severidade os cidadãos.
 
          A união serve para que a cidade se posicione contra a autoridade estatal, que vem criando leis que limita liberdades individuais dos turcos. Assim, mostrando a força política que o futebol tem.

          O segundo relato vem do Paraná. As manifestações que se espalharam pelo Brasil na última semana, que, além de cobrar melhorias na prestação dos serviços básicos por parte do governo, também se mostra desfavorável à gastança de dinheiro público, na construção de estádios para a Copa do Mundo. Sexta-feira (21), em Curitiba, manifestantes, incluindo torcedores do Coritiba, foram em direção ao Estádio do Atlético Paranaense, a Arena da Baixada, com o objetivo de depredar o local, que recebe dinheiro de financiamento público do BNDES para sua reforma e ampliação. 
 
          Em demonstração de amor ao clube e respeito ao seu patrimônio, torcedores de uma uniformizada do furacão, Os Fanáticos, entraram em confronto com os manifestantes, para defender o estádio. A defesa de "sua casa", pelos torcedores rubro-negros, inclusive, foi elogiada e agradecida pela diretoria atleticana.
 
          Esse fato serve para mostrar, a quem vê futebol apenas como meio de comércio e produto e lugar para imbecílidades, que existem coisas maiores. Afinal, mesmo as pessoas contra os atos de vandalismo e saques não vão defender os estabelecimentos que são alvejados. Já um lugar carregado de significado, de histórias e emoções, como o estádio de futebol, que além de tudo pertence a alguém que construiu essa história, merece carinho.
 
 
Leonardo Oliveira dos Santos
Estudante de Jornalismo em Ribeirão Preto/SP
Morador em Sertãozinho/SP 

Nenhum comentário:

Postar um comentário