É sabido que o jornalista tem como dever dar voz a quem não tem e fiscalizar o poder público, como passamos a faculdade toda estudando. Atualmente, na imprensa, há essa preocupação? Seja em âmbito regional ou nacional?
Em Ribeirão Preto, a afiliada da TV Globo, a EPTV, já foi mais investigativa em outros tempos. Suas produções eram bastante exaltadas pela crítica e pelo apreciador do bom jornalismo. Reportagens que eram até costumeiramente corriqueiras passaram a ser exceção, ou entrar, de fato, em extinção.
Hoje, a EPTV tem um enfoque de cunho mais social e de prestador de serviços, com assuntos tais como: regularize seu título de eleitor, faça seu imposto de renda, etc.
Nas demais emissoras, o que vemos é um jornalismo sumariamente medíocre, sem estrutura ou com conteúdos completamente comprometidos com finalidades comerciais e sensacionalistas.
Nacionalmente, temos poucos programas suficientemente capazes de se aprofundar em uma boa pauta e levar ao telespectador algo que salte aos olhos e o instigue.
Contudo, podemos destacar o bom trabalho de Caco Barcellos à frente do “Profissão Repórter”, na Globo. E embora o jornalístico não seja por essência investigativo, se encaixa na categoria de que “dá voz a quem não tem”. A emissora, tão criticada nesses últimos manifestos populares, produziu e editou um programa às pressas para o dia 18 de junho, mostrando mais de uma faceta dos manifestantes pelo país. Os vândalos, pessoas que foram por uma ou mais causas, verificar o trabalho da polícia, enfim. Um trabalho irretocável que pouca gente acabou reconhecendo.
O “Globo Repórter”, que já foi referência como jornalístico, acabou caindo na mesmice e toda semana entra em cartaz com assuntos como os grãos fazem à saúde, a importância dos exercícios físicos ou alguma reportagem enlatada do mundo animal.
O “Fantástico”, vez ou outra, exibe algum conteúdo investigativo realmente interessante. Já seu concorrente direto, o “Domingo Espetacular”, da Record, aposta mais nesse tipo de reportagem investigativa, e para quem gosta desse tipo de jornalismo, acaba se tornando um telespectador fiel do programa. Como exemplo pode ser citada a matéria exibida sobre os bens do pastor Valdemiro Santiago e sobre Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF em 2012.
Agora, é claro que a Record se deu ao trabalho de produzir uma matéria irrefutável sobre o enriquecimento de ilícito de Teixeira. Afinal, pouco tempo atrás ela perdeu a disputa com a Globo pelos direitos do Campeonato Brasileiro, mesmo oferecendo mais. Fato este que revoltou a Record e essa série de ataques começou a ser feita à CBF e seu presidente, até então. Conflito de interesses, como em qualquer lugar, infelizmente.
O SBT tem em seu casting um dos maiores repórteres do gênero: Roberto Cabrini. Seu programa, o “Conexão Repórter”, está no ar há três anos, já conquistou diversos prêmios, abriu CPIs e rende uma ótima audiência nas noites de quinta-feira. “A informação é a maior arma e a mais poderosa que existe”, dizia Cabrini. A produção é bastante competente, e Cabrini tem um faro e talento para investigar fora do comum. Fato que lhe rende boas pautas, e bons programas.
A Bandeirantes e RedeTV! não possuem esse tipo de produto na grade. O que existe é um Datena sensacionalista e um João Kleber de gosto altamente duvidoso.
O jornalismo investigativo que deveria, em tese, ser uma regra, é apenas uma exceção.
Jessica Fernandes
Estudante de Jornalismo
Ribeirão Preto/SP
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