Na teoria, o jornalismo deveria se ocupar de fiscalizar o poder público e dar voz a fatias sociais segregadas, discriminadas. Enfim, promover a circulação de discursos outros. Publicar o que os poderes constituídos não gostariam que fosse publicado. Infelizmente, quando se analisa a prática, essas funções são abafadas por interesses, acordos de bastidores, que procuram impedir uma atuação em prol do interesse público.
O Jornal da EPTV de hoje feriu todos esses princípios. Direcionou grande energia em explicar, detalhar, dar uma abordagem minuciosa dos problemas causadas por um sapato apertado. Uma pena que delegou a missão a um de seus melhores repórteres, Dirceu Martins, que poderia ter atribuições bem mais interessantes do que mostrar mulheres desfilando numa loja em busca do calçado perfeito. Onde estava o interesse público numa reportagem assim? No máximo, atendeu a poucos interesses individuais. E olhe lá!
Enquanto isso, pouco antes, tratou de forma rasa um problema social sério, o dos migrantes atendidos pelo Cetrem (Centro de Triagem de moradores de rua de Ribeirão Preto). Com uma abordagem parcial e tendenciosa, concentrou os esforços em ouvir comerciantes indignados, não compromissados em ajudar a pensar em soluções para o problema, mas apenas em transferi-lo. Como se dissessem que na minha porta não pode. Na do vizinho, em outro bairro, sem problemas. A única preocupação deles era o prejuízo às vendas e não a questão social que afeta a dignidade humana. Aqui, vai uma perguntinha básica: sempre quando alguém é acusado, é prática do jornalismo dar a palavra, o direito de defesa. Por que, então, os migrantes, acusados de sujeira, bagunça, arruaça, não foram ouvidos?
O professor universitário Eugênio Bucci, da ECA-USP, afirma, no livro “Sobre Ética e Imprensa”, que os grupos minoritários sofrem preconceito da mídia porque não fazem parte do mercado consumidor de jornais e nem dão audiência às TVs. Com isso, prevalece a verdade de alguns, como a do comércio, que geralmente financia os veículos de comunicação, em detrimento de outras. Lamentável, EPTV!
O Jornal da EPTV de hoje feriu todos esses princípios. Direcionou grande energia em explicar, detalhar, dar uma abordagem minuciosa dos problemas causadas por um sapato apertado. Uma pena que delegou a missão a um de seus melhores repórteres, Dirceu Martins, que poderia ter atribuições bem mais interessantes do que mostrar mulheres desfilando numa loja em busca do calçado perfeito. Onde estava o interesse público numa reportagem assim? No máximo, atendeu a poucos interesses individuais. E olhe lá!
Enquanto isso, pouco antes, tratou de forma rasa um problema social sério, o dos migrantes atendidos pelo Cetrem (Centro de Triagem de moradores de rua de Ribeirão Preto). Com uma abordagem parcial e tendenciosa, concentrou os esforços em ouvir comerciantes indignados, não compromissados em ajudar a pensar em soluções para o problema, mas apenas em transferi-lo. Como se dissessem que na minha porta não pode. Na do vizinho, em outro bairro, sem problemas. A única preocupação deles era o prejuízo às vendas e não a questão social que afeta a dignidade humana. Aqui, vai uma perguntinha básica: sempre quando alguém é acusado, é prática do jornalismo dar a palavra, o direito de defesa. Por que, então, os migrantes, acusados de sujeira, bagunça, arruaça, não foram ouvidos?
O professor universitário Eugênio Bucci, da ECA-USP, afirma, no livro “Sobre Ética e Imprensa”, que os grupos minoritários sofrem preconceito da mídia porque não fazem parte do mercado consumidor de jornais e nem dão audiência às TVs. Com isso, prevalece a verdade de alguns, como a do comércio, que geralmente financia os veículos de comunicação, em detrimento de outras. Lamentável, EPTV!
Igor Savenhago
Jornalista e professor universitário
Ribeirão Preto e Pontal/SP
Jornalista e professor universitário
Ribeirão Preto e Pontal/SP
Realmente. Muito lamentável.
ResponderExcluir