quinta-feira, 31 de maio de 2012

Jornalismo e discriminação


Imagem: divulgação

 
          Sem dúvidas, a imprensa é o maior formador de opinião pública. O jornalismo tem o poder de construir imagens ou de destruir, podendo assim gerar pré-conceitos em toda uma sociedade.

          Essa visão do jornalismo não é mais novidade pra ninguém. A toda hora, tanto na imprensa nacional e internacional como na regional, reportagens sugerem receitas para a vida, como “o melhor cabelo para a nova estação, a roupa certa, os comportamentos recomendados”. Tudo o que está fora desses padrões viram alvo de preconceitos.

          Assim sendo, me pergunto como a revista Veja foi capaz de publicar na capa (edição nº 2266, de 25/4/2012) uma foto que, além de ser preconceituosa, pode induzir ao bullying e ofender aos seus próprios leitores.

          A imagem é de dois homens, o primeiro alto, magro, sorridente, bem composto, bem vestido. O segundo, por sua vez, um baixinho, gordinho, mal encarado, que é ridicularizado. A manchete que segue é “Do alto, tudo é melhor”, seguida da chamada “A ‘evolução tecnofísica’ explica por que as pessoas mais altas são mais saudáveis e tendem a ser mais bem-sucedidas”.

          A revista decreta que as pessoas com o estereótipo do segundo homem são predestinadas a ser feias e fracassadas, afirmação que essa afirmação surge de uma pesquisa cientifica que culpa o determinismo genético, coisa inaceitável nos dias atuais. Além disso, a meu ver, a matéria não tem um embasamento realmente convincente.

          Que tipo de jornalismo é esse? O que podemos esperar de uma revista de um grande grupo, como a Abril, que ostenta em seu site a seguinte frase, “Ética jornalística, uma reflexão permanente”, e logo vem publicar uma matéria discriminatória como essa?

          Coerência e respeito são o mínimo que se espera de uma revista que se diz séria. E que isso sirva de exemplo aos veículos regionais.

Janaína Pastori
Estudante de Jornalismo
Ribeirão Preto/SP

2 comentários: