quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Possível morte dos jornais

          Nos últimos tempos, tenho pensado bastante sobre qual será o futuro da mídia impressa no Brasil e no mundo e em quanto tempo ela irá deixar de circular. Hoje, os jornais sofrem com a falta de assunto, perda de popularidade, edições mais enxutas e é cada vez menor o número de tiragens de uma edição. Um dos maiores culpados desses acontecimentos é o fato de que cada vez mais o público está aderindo a outros veículos de comunicação, principalmente a Internet, para se manter atualizado, deixando assim de lado o bom e velho jornal. Outro fator agravante é o fato de que os jornais estão com cada vez menos jornalistas em suas redações, o que faz com que cada um possua um enorme número de matérias para finalizar por dia, tendo assim que fechar a maioria delas pelo telefone, o que agrava e muito sua qualidade.

          Desde que começaram a circular nacionalmente, há mais de 200 anos, os jornais têm sido uma ótima fonte de informação da população, e usado também como um dos únicos meios de atender ao interesses de certos grupos dominantes. Mas estas verdades já estão mudando um pouco de figura e um novo leque de possibilidades foi aberto.

          O primeiro jornal a circular no Brasil (ainda que impresso em Londres e depois trazido para cá clandestinamente) foi o Correio Brasiliense, em junho de 1808. Naquela época, qualquer tipo de publicação era proibida, o que fez com que as edições do Correio Brasiliense não chegassem a todos. Contendo cerca de cem páginas, o jornal trazia mensalmente duras matérias sobre a política brasileira, fazendo com que a corte real pensasse que já era hora de ter mais controle sobre o que a população poderia ou não saber. Assim, em setembro daquele ano, foi fundada a Gazeta do Rio de Janeiro, sendo então o primeiro jornal a ser impresso em território nacional. Publicado duas vezes ao mês, o jornal consistia basicamente em matérias de interesse da Coroa, como comunicados do governo e notícias sobre a Europa Napoleônica (obviamente que com certo atraso). O jornal chegou a seu fim com a Independência do Brasil, em 1822, sendo substituído pelo Diário Fluminense e o Diário do Governo, como órgãos oficiais de imprensa.

          A partir daí, os jornais impressos já tinham ganhado seu espaço e se tornado uma das únicas fontes de informação da população, trazendo notícias do que acontecia no Brasil e no mundo. Em um formato que mais lembrava um livro, os jornais de antigamente traziam matérias simples e sem fotografias. De lá pra cá, os jornais passaram a conter imagens ilustrativas e seu formato ficou um pouco mais acessível e de fácil manuseio, mas, fora isso, não conseguiram se reinventar, o formato estagnou-se e pouca coisa mudou desde então, ao contrário dos outros veículos de comunicação que foram se tornando cada vez mais fortes, rápidos e eficientes em trazer a notícia no instante em que ela ocorre.

          Primeiro, foi o rádio (que, em minha opinião, foi e continua sendo o veículo de comunicação mais rápido, pois podemos transmitir a notícia ao mesmo tempo em que ela ocorre, ao contrário da Internet, em que ainda é preciso escrever o texto completo antes de enviar), depois a TV, com seus telejornais várias vezes durante o dia e, agora, por fim, a Internet, que chegou de vez para acabar com o gasto e trabalho extra de ir até a banca de jornal para poder ficar ligado ao que acontece ao seu redor, pois, hoje, até os celulares mais fracos conseguem acessar a internet em questão de segundos e exibir na sua frente as últimas notícias.

          Infelizmente, não existe mais fluidez em um jornal impresso, pois o que neles sai são notícias requentadas e desgastadas, dependendo do grau de exploração de tal fato feita por outro veículo de comunicação. Podemos citar como grande exemplo disso a morte do terrorista Osama Bin Laden no começo de maio deste ano. O presidente dos EUA anunciou a morte do terrorista em uma transmissão ao vivo direto da Casa Branca por volta da meia noite (horário de Brasília), hora em que todos os jornais que circulam no Brasil já estão nas gráficas sendo impressos. Ou seja, a 1h da madrugada, praticamente todos os sites do mundo já noticiavam a história com grandes manchetes; no dia seguinte, todos os telejornais fizeram grandes matérias a respeito da morte de um dos maiores terroristas da história, mas se pegássemos um jornal daquele dia, obviamente que não encontraríamos nada sobre o assunto. Creio que, naquela noite, Obama não noticiou apenas a morte de um terrorista, mas noticiou junto a morte do jornalismo impresso.
      
          Uma das alternativas desses jornais para conseguir salvação seria deixar de lado as notícias de ontem, ficando isso para os veículos de comunicação instantânea, como a TV e a Internet, e focar mais nas notícias de amanhã, pois prever o que virá também tem que ser uma das qualidades de um bom jornalista. A outra hipótese seria apostar em reportagens mais elaboradas, focando-se na história por trás de um grande acontecimento, fazendo com que o leitor mergulhe na matéria e se sinta interessado em saber todos os detalhes e não só os fatos superficiais.

          Assim, termino dizendo que a era da tecnologia já veio e tende a crescer cada vez mais, cabendo então aos nossos queridos jornais de papel o dever de se reinventar, pois, caso eles não acompanhem essas evoluções, suas próximas capas conterão infelizmente manchetes de despedidas.

          Confira a primeira página do jornal Gazeta do Rio de Janeiro, de 10 de setembro de 1808, primeiro jornal a ser impresso no Brasil.

Leonardo Ruiz
Estudante de Jornalismo
Ribeirão Preto/SP

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